Qual deve ser a receita dos clubes brasileiros?

Por Luís Fernando Tredinnick
Divulgação autorizada mediante explícita citação do autor e do blog Terceira Via Verdão
 
Depois
de amargar um prejuízo na aposta com o meu colega flamenguista, eu
realmente acho que o melhor é pensar sobre o futuro do time.
 
Pensando
em futuro do time, andei pensando sobre os limites possíveis de
arrecadação dos times brasileiros. É um exercício interessante.
 
Como já vimos no post http://terceiraviaverdao.blogspot.com/2008/10/as-cotas-de-tv-dos-clubes-de-futebol.html,
os valores de Cotas de TV são muito diferentes entre os países e
provavelmente o Brasil nunca vai conseguir chegar a valores próximos
dos obtidos da Itália.

QUAL A SITUAÇÃO HOJE DAS RECEITAS?

Primeiro, vamos observar como a arrecadação dos times brasileiros contra os times dos principais times mundiais:


Podemos
facilmente perceber que os grandes clubes brasileiros têm receitas, na
média, de quase metade das receitas dos times alemães e de quase um
quarto das receitas dos times da Espanha (e olha que o Valência fatura
menos do que um terço do que o Real Madrid, trazendo a média para
baixo).

Existem várias maneiras de se projetar as receitas dos
clubes brasileiros a partir da experiência internacional. A metodologia
que eu escolhi é simples: receitas dos clubes de futebol como
porcentagem do PIB do país.

Toda metodologia apresenta seus prós
e contras. No caso da metodologia escolhida, devemos lembras que os
clubes europeus, principalmente os da Espanha, possuem uma parte
considerável das receitas vindas de outros países. Esse é um fato que
pode distorcer a análise, mas é um erro que podemos tolerar neste
exercício.

QUAL É A PROJEÇÃO?

Vejam
no gráfico abaixo qual seria a projeção de receitas dos clubes
brasileiros (atenção que nesse caso os valores já não estão ajustados
pelo PPP):
Se tivéssemos receitas como na Espanha, teríamos que multiplicar as receitas dos clubes brasileiros por 5.

Mas
como a Espanha é um caso à parte, façamos a comparação apenas com a
Alemanha, que possui uma porcentagem relativamente baixa das suas
receitas vindas do exterior: os clubes brasileiros deveriam aumentar
sua receita apenas 30%! Ou seja, com a Alemanha como modelo, estaríamos
muito próximos do limite das receitas. Ou, se você preferir, quer dizer
que não estamos tão mal em termos de receita.

Particularmente,
acho que devemos olhar a média dos valores dos clubes da Alemanha, UK e
Itália: os clubes brasileiros deveriam mais do que DOBRAR a sua receita!

E COMO DOBRAR AS RECEITAS?


discutimos muito aqui a necessidade dos clubes desenvolverem fontes
alternativas de receitas. Mas para dobrar as receitas, é preciso mais
do que isso: é preciso rentabilizar a torcida.

No Brasil o
exemplo de não se conseguir transformar a torcida em receitas é o
Flamengo, que possui receitas muito próximas das do Palmeiras, apesar
de possuir uma torcida muito maior.

Além de se pensar em
estádios maiores, como a nossa arena, também deve-se pensar em oferecer
serviços no estádio: desde lojas e restaurantes até outras opções de
entretenimento: visitas ao museu, filmes sobre o clube, etc.. Mais uma
vez o pessoal do Jr. Leonor fez a lição de casa bem-feita e inaugurou
um bar no estádio para ser ponto de encontro da torcida. A nossa Arena
vai ter um impacto muito grande nas receitas (R$ 1 Bi, lembram?), mas
não em 2009.

Outras ações que envolvam os Palmeirenses de outros estados também é fundamental. Alguém aí sabe de alguma iniciativa relevante?

Como sempre, a constatação é que ainda temos muito trabalho pela frente. Então, é melhor começarmos logo.

Saudações AlviVerdes

*Luís
Fernando Tredinnick escreve todas as sextas-feiras no 3VV, explicando a
quem conhece e também a quem não conhece os números no futebol.

Comments (1)

  1. Ricardo Brito Teixeira

    Luiz, no pouco que já estudei sobre as receitas do futebol brasileiro, eu posso concluir que os clubes têm um padrão totalmente equivocado – pra não dizer errado – para gerar receitas significativas. Com Negociação de Atletas e TV ocupando mais de 60%. Enquanto o certo seria dividir com uma certa eqüidade entre Arena, Mídia e Marketing.
    Tal marketing praticamente inexplorado por aqui. Os dirigentes são arcaicos e não tratam o torcedor como consumidor e sim como um mero espectador momentâneo. E mais uma coisa, os clubes não sabem – não o fazem – conhecer seu torcedor para atender seus desejos e necessidades. Um dia desses no blog Esporte S/A, foi citado um case de uma franquia na MLB que se reformulou totalmente e conseguiu aumentar os valores de seus contratos de patrocínio e de vendas de ingresso. Muito disso devido às pesquisas para identificar as necessidades de seus torcedores. E o bônus de tudo isso foi a chegada desse “novo” time na final da liga. Realmente, o futebol brasileiro ainda precisa caminhar bastante. Abraços

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