Que não se omitam nem silenciem

Por Marcos Lúcido Donato

“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.” Martin Luther King

No futebol, assim como na sociedade, não há lugar para qualquer tipo de discriminação – racial, étnica, de idade, gênero, orientação sexual, origem e todas as outras. Pelo contrário, deve ser lugar de respeito, amizade, tolerância, alegria e confraternização. 

Infelizmente, mais uma vez, o Itaquerão, estádio construído de forma suspeita, foi palco de desrespeito e de homofobia. Ano passado, conforme relatamos aqui no 3VV – vide link abaixo –  já tivemos a ocorrência destes episódios lamentáveis nesse mesmo local (A total falência da imprensa, artigo do 3VV).

A total falência da imprensa

Histórico

O clube, cuja torcida praticou o ato homofóbico, já tem um histórico controverso em relação à “lisura”. Vou elencar alguns “fatos” pois, se listar todos, teremos um livro muito, mas muito maior que “Os Miseráveis”, de Victor Hugo.

• Dulcídio Wanderlei Boschilia e Rui Rei em 1977;
• Vicente Matheus, a recusa de entrar em campo e o adiamento das finais do Campeonato Paulista – 1979;
• Renato Marsiglia no Paulistão 1988;
• Esquema 1-0-0 de Dualibi e Ivens Mendes em 1997;
• Campeonato Brasileiro 2005, com participação especial de Márcio Resende de Freitas;
• Construção do Itaquerão – vide links abaixo – com envolvimento de políticos, empreiteira e clube.
• https://veja.abril.com.br/brasil/itaquerao-a-arena-da-corrupcao

Pois bem. Estamos em um pais onde temos abundância de leis e ausência de justiça. A torcida do referido clube é reincidente na prática criminosa. Disseram nesta segunda feira, nos noticiários, que serão denunciados ao Tribunal Esportivo. Ora, mas não seriam também no ano passado?

E a imprensa, com seu silêncio sepulcral. Apenas uma voz ou outra, demonstrando uma indignação rasa, talvez pra não prejudicar o próprio time.

Hipocrisia

Quando contrataram Cuca, colunistas e ativistas praticamente fizeram romarias à sede do clube pra exigir sua demissão. Exaltaram a falácia, de que o time em questão, era o maior defensor das causas identitárias, time do povo e outras bobagens mais.

E agora? Farão novas romarias exigindo punição exemplar, com perda de pontos e de mandos de jogos? Ou só fazem barulho quando o clube não é impactado? Ou quando jogador do Palmeiras “força” o terceiro cartão, ou mesmo quando a torcida Palmeirense canta “Meu Palmeiras” durante o hino nacional?

Aliás, fosse o Palmeiras (ou outros grandes clubes não muito bem quistos pela mídia esportiva) no episódio lamentável da tarde deste último domingo, ou mesmo no caso do “ninho do urubu”, a imprensa já teria nos associado ao fascismo e proclamado a nossa falência.

Muitos dizem que o Palmeirense tem mania de perseguição. Discordo veementemente. Os fatos me dão razão. E aqueles “pseudo” Palmeirenses, que acham que tenho esse tipo de sentimento, que vão torcer para seus verdadeiros clubes de coração, no Jardim Leonor ou em Itaquera.

De resto, que a justiça seja feita. Que o clube e sua torcida, responsáveis pelos eventos lamentáveis ocorridos no Itaquerão na tarde de domingo sejam severamente punidos. Que as pessoas aprendam, de uma vez por todas, que é obrigação vivermos em sociedade e respeito ao outro.

E que os bons não se omitam e nem silenciem

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Marcos Lúcido Donato escreve quando dá na telha, mas é colunista exclusivo do 3VV. A opinião de nossos colunistas nem sempre coincidem com a opinião do Grupo 3VV!