Rebaixamento e dinheiro, os entraves para a efetivar a Liga

Como já era esperado, a Liga de Clubes, ainda embrionária, encontra dois obstáculos que prometem acirrar os ânimos entre os participantes: divisão de dinheiro arrecadado e rebaixamento. Tanto que não há consenso sobre a tal medida provisória do mandante, aquela regra que garante ao time que joga em casa escolher a melhor forma de transmitir o jogo, em oposição ao modelo atual de contrato em que as emissoras de TV prevalecem graças a acertos anteriores.

Na questão da grana, as discussões prévias preveem uma divisão diferente e negociações em bloco. Parte do dinheiro seria distribuído de forma igualitária e outra parcela obedeceria a critérios de tamanho de torcia e audiência nos veículos e comunicação. Há controvérsias sobre como atender aos vários interesses, já anos atrás Corinthians e Flamengo implodiram o Clube dos 13 justamente porque não queriam mais negociar em bloco.

Quanto ao rebaixamento, há uma proposta de reduzir os rebaixados entre as séries A e B e adotar o modelo alemão: caem dois clubes diretamente, os dois últimos; o 18º e o 3º da série B disputariam uma espécie de mata-mata, em dois jogos, para definir o terceiro que subiria. Os times que costumam frequentar a segunda divisão reclamam, já que teriam menos chances de ascender. Alguns clubes grandes veem com bons olhos a nova ideia.

Lei do mandante

Dirigentes de clubes das Séries A e B estão em Brasília desde ontem (30) para uma série de encontros com o objetivo de reforçar apoio à lei do mandante. Roberto Trinas, executivo de marketing do Palmeiras, e Luiz Eduardo Baptista, vice-presidente de relações institucionais do Flamengo, estão na comitiva dos clubes.

Houve encontros com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e com outros políticos. Um encontro com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está agendado para esta sexta-feira (02).

Há dois movimentos. Um deles, envolve o projeto de lei do deputado Julio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF), que tem como objetivo alterar a Lei Pelé para permitir que os clubes escolham livremente onde exercer o mando de campo. Há um veto da CBF a esse tipo de iniciativa na reta final do Brasileirão. O outro ataca mais a questão dos direitos de transmissão.

Os clubes que compõem o Movimento Futebol Mais Livre enxergam uma oportunidade, já que veio do próprio governo o projeto de lei que também mexe na Lei Pelé, mas altera a forma de comercialização do direito de arena. A relatoria desse segundo projeto ficará com o deputado Julio Cesar Ribeiro. Em 2020, o presidente Bolsonaro editou uma Medida Provisória que permitia ao mandante negociar o próprio direito, independentemente de contratos que o time visitante tivesse firmado.