Série SAF no Brasil Ep. 3: Bahia e CFG. Nada é por acaso!
Por Vicente Criscio
No terceiro episódio da Série SAF no Brasil, vamos abordar com um pouco mais de detalhe o projeto do EC Bahia junto ao Manchester City.
Ou melhor…. junto ao City Football Group.
Muito prazer, City Football Group
Lendo a história do City Football Group (CFG) no seu site, é fácil perceber que apesar da juventude, tudo lá é grandioso.
O City Football Group foi criado em 2013. Entretanto, quando foi criado, alguns clubes de futebol pelo mundo já estavam sob o guarda chuva desse grupo,
De fato, desde 2008 o grupo pertencia ao Abu Dhabi United Group (ADUB), uma companhia de investimentos e desenvolvimento de negócios – ou no jargão do mercado, um fundo de Private Equity – também fundado em 2008, com sede nos Emirados Árabes e pertencente ao Sheick Mansour bin Zayed Al Nahyan, membro da família real de Abu Dhabi, e que também é Ministro de Relações Exteriores dos Emirados Árabes (uma tradução livre para Minister for Presidential Affairs for the UAE).
O CFG possui hoje 13 clubes pelo mundo:
- Manchester City no Reino Unido;
- New York City FC nos Estados Unidos;
- Melbourne FC na Austrália;
- Yokohama F. Marinos no Japão;
- Montevideo City Torque no Uruguai;
- Girona Futbol Club na Espanha;
- Sichuan Jiuniu FC na China;
- Mumbai City FC na India;
- Lommel SK na Bélgica;
- ESTAC na França;
- Palermo FC na Itália;
- Club Bolivar, na Bolívia;
- E finalmente o “Bahia SAF”, assim, dessa forma apresentado em seu web site.
Uma transação dessa não ocorre por acaso!
A transação: o Bahia SAF receberá, de acordo com o anúncio da parceria, R$ 500 milhões em jogadores, R$ 200 milhões em infra-estrutura e terá sua dívida de R$ 300 milhões resolvida. Um bilhão de reais. Em troca por 90% do controle da SAF.
Em 5 de maio de 2023, após alguns meses de negociação, foi anunciado com pompa em Salvador a compra de 90% das cotas do Bahia SAF pelo CFG. Com presença do CEO do Grupo, Ferran Soriano (que tem no currículo ter sido o Vice Presidente de Futebol do Barcelona, e autor do livro A Bola não Entra por Acaso) e o Presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, os dois executivos anunciaram os termos da negociação e celebraram juntos.
Para o Presidente do Bahia, era um momento de realização, onde os ativos do Bahia SAF passavam ao controle do Grupo City, mas não significava a transferência da responsabilidade do projeto, mas acima de tudo “nós vamos, junto com o Grupo City, construir esse projeto”, declarou o Presidente.
Já o CEO do CFG Ferran Soriano foi mais entusiasta da parceria, declarando que o Bahia seria o segundo maior clube dentro do portfólio do Grupo.
Soriano mostra que é do ramo! Entendeu a importância do EC Bahia dentro do contexto social do Estado da Bahia. E valorizou a história e tradição do clube.
Só palavras? Talvez sim, talvez não!
A estratégia declarada
Nas palavras do executivo espanhol, o objetivo desse negócio entre CFG e Bahia não é apenas a captação de jogadores em um mercado tão abundante de talentos como o brasileiro. O CEO aposta no crescimento do Campeonato Brasileiro e na força da torcida do Bahia, para crescer junto!
Resumidamente, seus objetivos podem ser definidos em duas linhas:
- Desenvolver e crescer o Bahia SAF no vácuo do crescimento do campeonato brasileiro, e com as alavancas de tradição e número de torcedores;
- Encontrar e atrair jovens jogadores talentosos, na Bahia (complemento do redator: e no Brasil) e, veja só, nas palavras de Soriano, “com um intercâmbio de ferramentas de treinamento fazer esses jovens talentos serem campeões”…. no Bahia e depois na Europa!
Somente por esse item 2, se isso realmente se realizar, será uma quebra de paradigma, pois significaria que o jovem jogador não sairia com 18 anos de idade do Bahia para a Europa, mas cresceria no mercado brasileiro, seria campeão, para depois, mais valorizado, transferir-se para a Europa ou outros mercados onde estão os demais clubes parceiros do City.
Então é isso….
O modelo da SAF do Bahia e sua parceria com o CFG poderá ser bom para todos? ou apenas para o CFG? ou somente para o Bahia? ou para nenhum dos dois?
Como comentei no episódio anterior o modelo da SAF é novo, e mais novo ainda são as parcerias estabelecidas com os novos investidores, sejam eles pequenos grupos, um mecenas que enfiou dinheiro e depois capitalizou sobre o clube, ou ainda uma mega corporação como o CFG.
Em geral os objetivos definidos nos planos de negócios não estão sendo atingidos por esses clubes. Minha opinião aqui é que há uma superestimativa de receitas, em um momento que o futebol brasileiro ainda não está preparado para essa geração.
Não tivemos acesso ao plano de negócios do Bahia SAF em que o CFG aposta e se apóia. Mas sem dúvida, no caso do Bahia, a parceria começou com algo mais que os outros não apresentaram.
E como diz o CEO do Grupo…. não existe acaso no futebol.
Esse post é o terceiro episódio da série SAF no Brasil, e está no Canal 3VV.
Comments (1)
mario
Das SAF’s que estamos vendo, a do Bahia me parece a mais sólida e promissora, a do Vasco tá parecendo canoa furada e as outras ainda não se provaram, vamos ver se o Botafogo sendo campeão a coisa muda.
O que me agrada na SAF é a possibilidade do futebol ser gerido por profissionais do ramo, e não aqueles velhos conselheiros que atuam no futebol “por amor”, e que nunca se preocuparam em arcar com as consequências deste amor………………………..