Setecentos e cinco
Por Rodrigo Barneschi
(publicado originalmente no forzapalestra.blogspot.com.ar)
Fica aqui o registro para a posteridade: em clássico contra o SCCP, no Itaquerão, em 31/05/2015, o Palmeiras se viu representado na arquibancada por 705 de seus propalados 16 milhões de torcedores – diante de pouco mais de 29 mil rivais.
De novo: SETECENTOS E CINCO.
Da carga de 1.800 ingressos destinados à torcida visitante, mais de mil ficaram na bilheteria.
O que isso representa: nunca antes o Palmeiras levou tão pouca gente a um estádio em duelos contra seus rivais paulistanos. Nunca.
A pergunta que se faz: como isso pôde acontecer?
Bom, basicamente porque a parcela da torcida que vai a todos os cantos se viu sufocada pela precificação doentia do senhor Paulo de Almeida Nobre, ao mesmo tempo em que a claque que o bajula comprovou ser incapaz de colocar os pés em outro estádio que não o Palestra Italia.
É emblemático que este clássico tenha ocorrido exatamente em um dia 31. Se gente como Paulo Nobre desconhece o significado da expressão “fim do mês”, a dificuldade de fechar as contas antes de cair o próximo salário afeta boa parte da torcida – em especial os dispostos a encarar o transtorno de um jogo em Itaquera (que consome metade de um domingo entre a ida e a volta para casa). A maior parte dos habituados a tal sacrifício se viu impossibilitada de desembolsar R$ 100 por um ingresso – ainda mais com o bolso machucado depois de tantos meses direcionando pequenas fortunas para bancar o Avanti e os bilhetes inflacionados em casa ou fora (R$ 100 na semifinal do Paulista, R$ 210 na final etc.). Daí então que saímos da Barra Funda em direção à zona leste não os 1.500 habituais, mas cerca de 400.
Quanto aos aduladores da gestão que aí está, muitos dos quais se apoiam em discursos falaciosos para avalizar práticas elitistas, não se pode esperar muita coisa. Alguns poucos, é bem verdade, até se fazem presentes lá entre os 16 do Nobre, mas essa gente dos camarotes não conta muito para efeito de apoio ao time.
(Aliás, como tem passado, zelador? Muita bajulação ao #deusnobre? Muitas vistorias a estádios que você nem imaginava conhecer antes de virar puxa-saco? Muito nepotismo?)
Como eu já venho dizendo há tempos (a começar por este post aqui, de fevereiro), é o próprio torcedor do Palmeiras que vai pagar já está pagando a conta pela insanidade de um único sujeito. Ao cobrar R$ 200 R$ 100 da torcida do SCCP no clássico do Paulista, o mandatário alviverde acaba impondo um valor mínimo a se cobrar dos palmeirenses que resolverem empurrar o time contra seu maior rival fora de casa. (E o ingresso a R$ 200 pode se concretizar no Jd. Leonor, uma vez que não houve acordo com a diretoria no SPFW no duelo em que afastou-se a torcida visitante pelo bolso).
Tem-se, pois, que todas as torcidas que forem ao Itaquerão pagarão um preço fixo igual ao cobrado dos locais (R$ 50), reservando-se apenas e tão somente aos palmeirenses um valor diferenciado (R$ 100), em represália aos preços praticados no nosso estádio.
O mesmo acontecerá no Jd. Leonor, na Vila Belmiro, no Rio, em Minas, em Porto Alegre, em Curitiba, em Florianópolis, em qualquer cancha. O torcedor palmeirense será punido em todos os estádios visitados pelo Palmeiras apenas e tão somente porque a política de precificação levada a cabo pelo senhor Paulo de Almeida Nobre é desconectada da realidade e não tem qualquer compromisso com quem avança além das fronteiras da Pompéia.
Paulo Nobre, a criatura que arruinou o centenário da Sociedade Esportiva Palmeiras, passa para a história também como o responsável por fazer o alviverde imponente ser representado por apenas 705 torcedores logo no dia de nossa primeira vitória em clássicos na condição efetiva de visitante – porque na anterior, em 2002 contra o SPFW, a arquibancada ainda era dividida ao meio.
Paulo Nobre é o responsável por selecionar pelo bolso quem pode e quem não pode ir empurrar o clube como visitante – mas os seus escolhidos simplesmente não estão a fim de fazer tal sacrifício pelo Palmeiras. Por conta da mentalidade doentia de um único sujeito, foram impedidos de ver o Palmeiras disputar um clássico na cidade de São Paulo mais de mil palmeirenses que conhecem o significado da expressão “fim do mês”.
Ou se muda a política de precificação para as torcidas visitantes na nossa casa ou o torcedor palmeirense seguirá pagando muito caro pela insanidade de uma única pessoa.
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Consta, no borderô da partida, que cada um dos 705 visitantes pagou R$ 100 pelo bilhete, totalizando R$ 70.500. Não foi bem assim.
Muitos efetivamente pagaram R$ 100. Eu, por exemplo. Fui até a bilheteria do Pacaembu e comprei lá o meu ingresso:
Para conselheiros do clube, no entanto, os mesmos ingressos estavam disponíveis por módicos R$ 25:
Como explicar isso?
Qual é a justificativa para a venda a R$ 25 (1/4 do valor cobrado do torcedor que foi à bilheteria) de ingressos que tiveram a “Sociedade Esportiva Palmeiras” como cliente?
Se R$ 70.500 entraram nos cofres do SCCP, quem pagou por essa diferença entre o valor arrecadado pelo nosso rival e o que foi cobrado dos conselheiros da SEP?
Com a palavra, Nobre e seus aduladores.
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Mais dois posts altamente necessários sobre a insanidade financista que tomou conta do Palmeiras e que vai custar muito caro para as próximas gerações: