Vida longa a Abel e que seja eterno enquanto dure

Por Vicente Criscio

Poucas vezes vimos um campeonato ser ganho como esse título de Campeão Brasileiro 2023 do Palmeiras.

Senão vejamos:

• Uma campanha espetacular do Botafogo no 1o turno, 47 pontos, 89% de aproveitamento, melhor primeiro turno na história do Brasileiro;
• Após a eliminação da Libertadores, o Palmeiras perdeu quatro partidas consecutivas, da rodada 24 a 27;
• Exatamente ao término da rodada 27 o Palmeiras estava 14 pontos atrás do Botafogo, 4 pontos atrás do RB Bragantino e 3 pontos atrás do Flamengo; na R27 o Pameiras tinha 54% de aproveitamento e o Botafogo tinha 72%!
• Tendo perdido vários jogadores importantes na temporada, seja porque saíram no início do ano – Danilo, Scarpa – seja por conta das contusões – Dudu, Gabriel Menino, Atuesta – e tendo ainda uma queda de desempenho de jogadores que eram titulares absolutos – caso de Rony – Abel teve que improvisar um time que surpreendeu a muitos e sofreu críticas de torcedores e imprensa;
• Ah…. sim…. e teve a imprensa, que nunca deu sossego, nem crédito; ao contrário, justificadamente ou não, a imprensa – inclusive aquela tal mídia palestrina – buscava cliques nas matérias sobre as saídas (??) de Gómez, Veiga, e até mesmo Abel.

Após uma arrancada da R28 até a R38, onde em 11 partidas conseguiu 69% dos pontos disputados, o Verdão chegou ao título com dois pontos de vantagem sobre o Grêmio e ainda um saldo de 31 gols, com melhor ataque e segunda melhor defesa.

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Na entrevista coletiva – abaixo – e ainda no discurso que fez aos jogadores no vestiário após a partida, mais abaixo, Abel mais uma vez dá lição de vida, de liderança, de futebol. Na coletiva, afirmou mais uma vez que está cansado. Quando perguntado sobre a maior dificuldade que teve, não hesitou em falar dos ataques que sofreu da imprensa – sempre ela – que chamaram a ele (e sua comissão técnica) de colonizador.

No vestiário, mostrou seu outro lado. Agradeceu aos jogadores. Em mais uma lição de vida, enfatizou não apenas a jornada mas COM QUEM ele participa da jornada. E mais uma vez agradeceu ao grupo que está com ele nessa jornada.

E falou aquilo que muitos palmeirenses já falaram: só saberemos a dimensão do que aconteceu nestes três anos de Abel no Palmeiras daqui a muito tempo.

Hoje, para o torcedor comum – falo por mim, por você, por todos aqueles que não estão no dia a dia da Academia – parece fácil. Parece meio óbvio ganhar mais um título. Chega a ser quase uma obrigação na cabeça de alguns palmeirenses.

Não é!

Então, como já foi dito aqui, vamos guardar este Palmeiras na retina. Vamos desfrutar este momento. MAIS este momento. Já perdi a conta de quantos títulos levantamos na era Abel Ferreira. Não sabemos se ele estará em 2024 no banco de reservas. Alguns acham mimimi. Eu não acho! Daqui de longe tento me colocar em seus sapatos e compreendo que existem bônus e ônus no papel de treinador de uma equipe como o Palmeiras. Ganhar bem, estar em evidência, ser uma referência no país do futebol são as coisas boas.

Mas as coisas “não boas” estão cada vez pesando mais. Pelo menos é o que parece para quem está distante, apenas observando.

Se tivermos – e enfatizo novamente o SE – SE TIVERMOS o privilégio de contarmos com Abel Ferreira ano que vem, mesmo com suas idiossincrasias – seus erros, seu mau humor, suas respostas malcriadas, sua teimosia, seus cartões amarelos e vermelhos na lateral do campo –

… mas também com todo um pacote positivo que se apresenta com …

• uma enorme capacidade de trabalho;
• inteligência tática, técnica e emocional (cabeça fria, coração quente);
• liderança;
• sua comissão técnica;
• sua estrela (muitas vezes teve mais sorte que juízo…. mas Deus ajuda quem trabalha);
• sua palestrinidade – sim, ele se tornou palmeirense;
• suas entrevistas pós jogo que, quando não são aulas táticas são aulas de liderança ou de vida…

… ou seja, SE pudermos contar com esse enorme privilégio em termos Abel Ferreira no comando dessa equipa, que esse momento seja eterno enquanto dure.

Portanto, por hora, desfrutemos!

Depois pensamos no depois.

Saudações Alviverdes!

Entrevista do pós jogo:

Discurso no vestiário.