Opinião: como chegamos até aqui?

Por Vicente Criscio (assista Criscio na resenha comentando este post no Canal 3VV no Youtube)

O Palmeiras perdeu nesta quinta-feira, dia 19 de outubro, para o Atlético MG por 2×0 no Allianz Parque.

Foi a quarta derrota consecutiva do Palmeiras neste Brasileiro.

A última vez que o Palmeiras havia perdido 4 partidas consecutivas havia sido em outubro de 2020, exatamente três anos atrás. Isso custou o emprego do Luxemburgo na época. 

Abel Ferreira estrearia um mês depois, contra o Bragantino, com vitória.

Esse time do Abel pegou casca e ganhou o que ganhou. Agora, com as derrotas, as teses do apocalipse são colocadas na mesa. 

Minha opinião: antes de irmos para a solução, há que se entender de maneira fria o porque chegamos onde chegamos. 

Há 50 dias atrás éramos puro otimismo. Tínhamos eliminado o Deportivo Pereira e íamos para a 4ª semi final de Libertadores consecutiva. Éramos 2º no Brasileiro na caça ao Botafogo. 

Em 50 dias, o que mudou?

As comissão técnica é a mesma, os jogadores são os mesmos, a torcida é a mesma. A Diretoria é a mesma.

O que não é o mesmo?

Exatamente dia 28 de agosto anunciou-se que Dudu não jogaria mais no ano. Rompimento de ligamentos do joelho.

Aí escancarou um conjunto de coisas.

Sem uma peça chave, Abel precisou improvisar, e deu errado.

Os erros custaram uma eliminação na Libertadores.

Eliminação essa bem dolorida porque sabíamos que com um melhor planejamento no fim da temporada passada e teríamos um final de ano jogando mais uma final da “Gloria Eterna” no Maracanã.

O improviso de Abel, que resultou em um time inferior tecnicamente ao mediano Boca Juniors em Buenos Aires e na primeira etapa da partida de volta, no Allianz, foi consequência de uma falha terrível de planejamento. A pré temporada passada não planejou adequadamente o elenco e a substituição de peças como Danilo e Scarpa. Além de trazer jogadores que depois seriam dispensados (vide o caso de Merentiel).

Ou então… o plano era esse mesmo! Não contratar reforços, se virar com os garotos da base, porque o caixa do clube está sangrando.

Mas por que o caixa não comportaria contratações em 2023, se este Palmeiras foi o segundo clube com maior faturamento em 2022, com quase R$ 800 milhões em receitas?

Problemas na gestão?

Sem caixa, sem contratações, sem jogadores para substituir minimamente alguém como o baixinho, vieram eliminações doloridas. 

Mudou o humor do treinador, da torcida…. e da Presidente. 

O clima de otimismo virou clima depressivo… e depois, clima de guerra.

Aí escancarou outra fraqueza: a falta de liderança fora de campo. A Diretoria, incapaz de colocar água fria em um caldeirão fervendo, só piorou o cenário.

A Presidente brigou com a torcida. A torcida brigou com a Presidente. A Presidente foi criticada por conselheiros. A Presidente brigou com conselheiros.

Ao invés de recuar e reconhecer as falhas, foi pro “All In”. Falou o que quis e o que não quis em uma entrevista coletiva. Assim colocou mais gasolina no fogo.

Alguém pode acreditar que jogador e comissão técnica não sentem o peso dessa batalha extra campo? Sim! Jogador sente. E se já não bastasse a depressão pelas eliminações, o elenco viu a mandatária em guerra com a torcida.

Um avião não cai dos céus por causa de um grande motivo apenas. É um conjunto de pequenas falhas, pequenos erros, que levam aos grandes acidentes aéreos.

No Palmeiras em 50 dias nosso “avião” (para usar uma metáfora que está na moda pelo palmeirense) caiu por uma sucessão de (talvez não tão) pequenos erros.

E a maioria deles, ou pelo menos o mais importante, o planejamento ruim para a temporada, ocorreu dentro de quatro paredes de uma sala da presidência na Rua Palestra Italia.

Agora, quem nos colocou nessa, que se vire para consertar o estrago.

Saudações Alviverdes!