A gente avisou: é método!

Por Vicente Criscio

A absolvição de Bruno Henrique em recurso no STJD por “suposto envolvimento em esquema de manipulação de apostas esportivas”, durante a semana que passou, não deveria ter surpreendido a tantos que esperam que sejam feitas as coisas certas neste país.

Relembrando o caso

Em setembro de 2025 o jogador do Flamengo Bruno Henrique foi suspenso pelo STJD por 12 jogos por  supostamente ter forçado cartão amarelo e beneficiado apostadores em 2023, em duelo contra o Santos, pelo Brasileirão daquele ano (link na espn.com.br).

No último dia 13 de novembro em recurso no STJD o jogador foi condenado a pagar R$ 100 mil de multa, mas foi absolvido da pena de 12 jogos. Assim pode jogar as últimas partidas do Campeonato Brasileiro e a final da Libertadores contra o Palmeiras dia 19 de novembro.

Repercussão

Poucos foram críticos com a decisão do STJD. Pouco importou se um dos auditores que votou pela absolvição do jogador, já postou em suas redes sociais com a camisa do Flamengo.

O Brasil se acostumou com isso. O certo e o errado hoje é relativo e está relacionado à cor da camisa, ao seu credo, à sua convicção política, ou até mesmo às narrativas predominantes, que nem sempre correspondem à realidade.

O mais impressionante é a maneira como a grande mídia se cala. Aliás, não deveria impressionar ninguém. Desde os tempos de Walter Clark há um projeto de impulsionamento da marca Flamengo pelo Brasil. E sempre com o apoio institucional dos poderes que mandam no futebol brasileiro. Quem tem mais de 50 anos de idade teve que se conformar em ver José Roberto Wright operar o Atlético MG no Maracanã em 1981, em partida da Libertadores daquele ano. Teve que aceitar um outro auditor do STJD falar que se Wagner Love tivesse trancinhas rubro-negra não seria suspenso (nos idos de 2009). Sem falar nos garotos mortos no Ninho do Urubu, sem nenhuma condenação. A lista é longa e tomaria muitas linhas deste post.

Mas ainda mais bizarro no meio dessa história toda é que o Palmeiras foi acusado recentemente pelos dirigentes do time carioca de ser beneficiado pela CBF/VAR. Usaram o SPFC como escada, jogaram a narrativa e a grande mídia reverberou. Aqui no 3VV avisávamos no pós jogo em que o Palmeiras perdeu para o Flamengo por 3×2 que aquilo não era gritaria dos dirigente: era método!

E taí o resultado!

Mas voltando ao tema deste post

Voltando ao caso Bruno Henrique, emblemático, vamos apenas relembrar as punições de jogadores envolvidos em casos semelhantes (link da matéria da espn.com.br):

Não se iludam com a multa de R$ 100 mil. Bruno Henrique deve ter remuneração 10, 20, 30 vezes superior aos casos citados acima. E tirando um deles, absolvido, as penas variaram de 12 jogos a eliminação do futebol para 7 jogadores.

Mas o rubro-negro Bruno Henrique saiu ileso.

O resultado deste julgamento deve ser encarado como mais uma etapa de um processo onde o CR Flamengo está trabalhando arduamente nos bastidores do futebol brasileiro para não ficar atrás da SE Palmeiras e perder mais um título para a equipe de Abel Ferreira.

Anos atrás, no início dos anos 2010, os “especialistas” em futebol afirmavam no Brasil que a espanholização seria entre Flamengo e Corinthians, os dois clubes mais queridinhos da grande mídia e com maior torcida. O time do Parque São Jorge foi para onde foi. Outro candidato era o SPFC. Também foi para trás. Poucos acreditavam que o Palmeiras emergeria como o “outro”.

Desde então Palmeiras e Flamengo dominaram o cenário do futebol brasileiro e sul-americano, com algumas exceções neste período (Botafogo, Fluminense e Atlético MG). E nada deve mudar nesse sentido nos próximos anos, se o Palmeiras continuar a fazer a lição de casa em termos de gestão. Nossa centenária marca tem os principais fundamentos para continuar a monopolizar o futebol brasileiro: Allianz Parque, categorias de base, torcida, comissão técnica, gestão. O rival carioca não tem isso! Falta um estádio (o Maracanã não é deles, lembra?), e nas categorias de base nem precisamos citar as diferenças.

Entretanto, nos bastidores, ainda estamos longe, muito longe, do “protagonismo” que temos dentro de campo. E nesse aspecto, pautar a mídia, gerar a narrativa, e ter influência dentro dos tribunais e comissões de arbitragem, têm feito a diferença para pesar a balança para o lado de lá na disputa deste Brasileiro de 2025.

Que os dirigentes palmeirenses aprendam esta lição.

Em tempo: vem aí um julgamento do Vitor Roque por uma postagem que deveria ser encarada como brincadeira nas redes sociais. Alguém quer apostar o resultado?

Saudações Alviverdes!

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