Entenda a regra dos 8 segundos e como será aplicada

Por Oiti Cipriani

Como amplamente divulgado pela mídia, a FIFA realizou testes sobre a regra dos oito segundos para o goleiro nos campeonatos de base da Inglaterra (Premier League) e no campeonato de Malta.

E foram aprovadas!

Vamos esmiuçar um pouco esta regra.

A nova regra no Brasileirão

A novidade do Brasileirão 2025 é a regra dos 8 segundos. Esse é o tempo que os goleiros poderão ficar com a bola nas mãos para a reposição, contados depois que ele estiver dono da situação, ereto e pronto para dar sequência ao jogo. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8… 

É assim que o juiz fará a contagem.

Até a introdução desta regra, tínhamos aquela dos seis segundos. Mas os goleiros não a respeitava. E nem a arbitragem. Algumas raras vezes o atacante adversário, aquele que fica mais próximo do goleiro e pressiona sua reposição, reclamava com o árbitro, que sempre o ignorava. Foi a típica regra (como algumas leis brasileiras) que “não pegou”.

Na nova regra, resumidamente e a partir de agora, os goleiros poderão ficar com a bola por no máximo oito segundos. Caso excedam esse tempo, serão penalizados com um escanteio a favor do time adversário. Esta nova regra visa acelerar o jogo e evitar atrasos desnecessários.

A regra antiga previa a marcação de um tiro livre indireto (que não pode ser chutado direto ao gol) caso o goleiro atrasasse a reposição da bola por muito tempo, mas raramente foi marcada por algum árbitro. Com a mudança, a Fifa entende que impediria ainda mais a cera dos goleiros no futebol. Pelo visto ela não acompanha o futebol brasileiro!

De qualquer forma foi emitido pela FIFA esclarecimentos sobre como e quando a regra deverá ser aplicada. Segue abaixo.

Nova regra para a tolerância do goleiro em posse da bola: como e quando aplicar

É importante entender a orientação que os árbitros receberam para agir no campo de jogo.

Sempre que o goleiro conseguir a posse da bola, o árbitro deve se atentar para os movimentos da defesa do goleiro antes de iniciar a contagem.

A primeira orientação é garantir uma defesa sem sufoco ou pressão para a conclusão da ação do goleiro. Enquanto o goleiro estiver caído no chão, entende-se que ele ainda não finalizou a sua defesa para iniciar a reposição. Portanto o árbitro vai aguardar o goleiro concluir a defesa e se levantar.

Assim que o goleiro se recompõe para o jogo, o árbitro aguarda os primeiros 3 (TRÊS) segundos. Se o goleiro ainda estiver com a bola, o árbitro inicia gestos com o braço a cada segundo sugerindo uma contagem tolerante de 5 (CINCO) segundos para a reposição definitiva.

Isso vai permitir o tempo total de 8 segundos para o goleiro repor a bola em jogo. Só após este tempo/procedimento o árbitro irá sinalizar um ‘Tiro-de-Canto’ contra a equipe do goleiro.

Resumo para o árbitro:

  • Aguarda conclusão da defesa.
  • Durante 3 segundos, apenas observa.
  • Nos próximos 5 segundos mostra a contagem.
  • 5 movimentos com o braço.
  • Tolerância máxima de 8 segundos.
  • Se o goleiro não repôs a bola para o jogo… ‘Tiro-de-Canto para o adversário!”

Algumas observações e dúvidas sobre esta orientação

Da minha parte acredito que vai continuar a mesma água de batata, com o goleiro fazendo o que quer.

Senão vejamos:

  • O goleiro pega uma bola simples e com ela nos braços se joga ao chão. O árbitro entenderá que não concluiu a defesa? Fica olhando e demora para se levantar e só depois desta pantomima se começa a contagem?
  • Ou ainda goleiro simula contusão, com a bola nos braços. O árbitro interrompe o jogo e repõe com bola ao chão de posse do goleiro. Fica com a bola em disputa, no chão (até aqui nada a questionar, é valido o recurso), e quando o adversário se aproxima, se joga sobre a bola. O árbitro entenderá que o goleiro estava sob pressão?
  • E quando vem uma bola chutada pelo adversário, passível de dominá-la com os pés e assim o faz. Quando o adversário se aproxima, deita-se sobre a mesma, e executa a mesma pantomina de bola ao chão. Será contado 8 segundos após ter a posse dela nos pés e possibilidade de segurar tranquilamente? Ou, nada será marcado, pois o goleiro se achava sob pressão ou não concluiu a defesa?

A dúvida maior é: o árbitro, como frei capuchinho, crédulo ao extremo, entenderá nestas situações que o goleiro estava com dificuldade ou sob pressão para reter mais tempo a bola em seu poder?

Acredito que não vai adiantar nada sisto.

Será a chamada regra me engana que eu gosto e o público continuará nos jogos desfrutando de 50 centavos para cada real pago no ingresso, com jogos entre 40/50 minutos de bola rolando.  Continuará premiando-se a falcatrua.

A aplicação da regra por aqui

No atual campeonato brasileiro foi requerido pela CBF e autorizado pela FIFA para antecipar a utilização da regra dos 8 segundos para o goleiro. Mas mesmo assim tivemos alguns casos em que a nova regra foi solenemente ignorada, conforme abaixo:

1) Flamengo x Internacional: o goleiro Rochet, do Inter, ficou com a bola na mão por 17 segundos aos 45 do primeiro tempo e o árbitro Davi de Oliveira Lacerda nada assinalou. Anthony, que entrou no lugar dele no intervalo, ficou com a bola na mão por 20 segundos aos 48 do segundo tempo.

2) Grêmio x Atlético-MG: o goleiro Thiago Volpi, do Grêmio, infringiu a regra em algumas oportunidades. Em uma delas (aos 25 do segundo tempo), ele ficou com a bola por 12 segundos, sem ser punido por Raphael Claus.

3) Vasco x Santos: o goleiro Gabriel Brazão, do Santos, ficou 12 segundos com a bola nas mãos aos três minutos do segundo tempo e também não foi advertido pelo árbitro Rafael Rodrigo Klein.

4) Palmeiras x Botafogo: Aos 48 minutos do segundo tempo, John, do Botafogo, se jogou ao chão com a bola. Quando o árbitro Ramon Abati Abel abriu a contagem, o goleiro deu um chutão para a frente, depois de 20 segundos com a bola nas mãos.

5) Juventude e Vitória: o árbitro Paulo Cesar Zanovelli da Silva abriu a contagem para o goleiro Marcão, do Juventude, depois de 20 segundos com a bola retida sem suas mãos.

Como vemos, mais uma regra que não vai “pegar”, a não ser que a comissão de arbitragem da CBF seja rigorosa no seu cumprimento pelos árbitros brasileiros.

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Comments (1)

  1. Ronaldo Ramires

    1 – Os guapos vão dormir com a bola fazê-las de travesseiro;
    2 – no início a arbitragem vão querer fazer o nome em cima da regra depois, vão largar mão.

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