Quarta feira de cinzas

Por Marcos Lúcido Donato

Este foi o meu sentimento, pós partida do domingo passado. Não somente pelo resultado, mas principalmente pela postura. Um time destroçado, apático, abatido, desanimado, sem ALMA.

Finalizado o Campeonato Brasileiro, as redes sociais, grupos de whattsapp, canais de youtube, mídias tradicionais e Palestrinas, começam a dar seus pitacos sobre o balanço da temporada e projeções para 2025.

Aqui no 3VV, os estimados leitores terão o mesmo balanço, só que com muito mais conhecimento de causa do que no uol, globo, ou no “programa do neto – ídolo de ninguém e crack de lugar nenhum”.

Primeiro ponto. Não existe terra arrasada. O que existe, é um sentimento de frustação pelas expectativas criadas, que eram elevadas, principalmente pelo que foi entregue de 2020 a 2023. A campanha do ano vigente – Tricampeão Paulista e Vice-Campeão Brasileiro – excede as campanhas de 2017 e 2019, por exemplo, onde também tínhamos grandes aspirações que não se concretizaram…

Entretanto, ainda temos um bom ponto de partida.

O que não funcionou

Foram vários os fatores que afetaram nosso resultado esportivo. Obviamente, “promover uma caça as bruxas” ou eleger “culpados” em um dos períodos mais vitoriosos da nossa história, seria, no mínimo, de uma tremenda estupidez. Assim, vou procurar elencar, com o maior respeito possível, os pontos que influenciaram em nosso desempenho esportivo.

• Excesso de contusões: vários jogadores do elenco – Mayke, Murilo, Piquerez, Zé Rafael, Dudu… se contundiram e/ou voltaram de contusão muito abaixo do que vinham apresentando.
• Contratações que (ainda) não “vingaram”: dos jogadores contratados, apenas Aníbal Moreno apresentou desempenho em alto nível por um período. Porém, da metade do ano em diante, sua performance caiu assustadoramente. Os demais contratados no ano, apresentaram futebol desapontador.
• Possível final de ciclo de vários atletas, os quais, por consideração, prefiro não mencionar seus nomes, e que apresentaram queda drástica de rendimento. Leitor do 3VV, diferentemente dos leitores do uol e dos telespectadores dos canais da globo, é inteligente e sabe perfeitamente do que e de quem estamos falando.
• Comissão Técnica: pouquíssimo inspirados, Abel e seus auxiliares não conseguiram reorganizar o elenco, dar encaixe nas novas peças que chegaram, e reinventar o padrão de jogo, que definhou. Em vários momentos, a teimosia do Português se fez presente, com escolhas, no mínimo, contestáveis. O tempo de casa pode estar cobrando seu preço, afinal, são quatro anos de exposição em um ambiente de elevadíssima toxicidade. A preparação física, ponto forte da equipe, também chamou a atenção pelo declínio. Apesar do que foi exposto até aqui neste parágrafo, na minha opinião, estão muito longe de serem os únicos ou principais responsáveis pelo ocorrido em 2024. Pelo contrário, tivéssemos um Kleina ou Eduardo Baptista da vida, o desastre teria sido muito maior.
• Alta Administração do Clube: pecou pela falta de ousadia e por omissão, ao não se atentar aos diversos sinais de alerta dados ao longo do ano. Desde o final de 2022, o elenco do Palmeiras vem, continuamente, se enfraquecendo. As Crias da Academia – aqui destaco Danilo, Giovanni, Luiz Guilherme, Endrick e Estêvão – mal estabeleceram vínculo com a torcida e já foram negociados.

Entendemos as cifras envolvidas, mas temos de nos recordar que o Palmeiras não é banco, e sim, um clube de futebol. As Categorias de Base da SEP deveriam servir como criadouro de ídolos para, principalmente, proporcionar Glórias e Conquistas ao clube, que tem, no futebol, sua locomotiva e não tão somente abarrotar o caixa.

E o Departamento de Futebol Profissional tem sim que ser priorizado, pois é o principal patrimônio da SEP e traz a reboque, todos os demais departamentos da instituição. O que mais ouvimos, advindo do alto comando, foi a frase “os valores assustam”. Os concorrentes, que foram mais agressivos e assertivos ao mercado, se fortaleceram e tornaram a competição ainda mais acirrada para nosso lado.

Fica também a impressão de que nossa direção foi muito branda no jogo de bastidores, onde as coisas nitidamente também foram desfavoráveis à SEP. Faltaram cobranças também, principalmente sobre a Comissão Técnica que, apesar de competente, também erra e, justamente por isso, é passível de questionamentos, como qualquer profissional em toda área de atuação.

O Passado Passou… Como será em 2025?

As primeiras declarações da atual mandatária do clube, sinalizam que seguiremos com a mesma política utilizada até este ano. Parafraseando Albert Einstein “Insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes”.

O próximo ano será um dos mais importantes e desafiadores da nossa história. Deveria ter iniciado seu planejamento no início de 2024, com uma reformulação racional do elenco e busca por reforços de peso – deixa eu traduzir aqui o que significa “reforços de peso” – não se trata de medalhões ou de jogadores caros, mas jogadores que estejam prontos para VESTIR A CAMISA, ASSUMIR A POSIÇÃO e RESOLVER. Infelizmente, não aconteceu. Talvez por ser ano eleitoral e o foco estar difuso. Muitos irão contestar este ponto, mas, a meu ver, é uma hipótese muito válida.

Agora, nos resta torcer e COBRAR, para que nossa diretoria seja ágil o suficiente, para recuperarmos o tempo que perdemos. É nosso direito questionar, desde que com o devido RESPEITO. E a alta direção do clube deve, com toda a CONSIDERAÇÃO E PACIÊNCIA, conceder as devidas satisfações ao associado e ao torcedor. Os rivais estão mais fortes e com mais “apetite”. É imperioso que ações rápidas e efetivas sejam tomadas, principalmente com foco na montagem do elenco, para que o Palmeiras permaneça competitivo e protagonista.

Saudações Alviverdes.

Donato, o Lúcido.