Tempo de bola rolando: Paulistão 2025

[nota do editor: o estagiário ainda está com a cabeça em 2024, por isso o erro no título e na url; será devidamente multado em seus honorários]

Por Oiti Cipriani

Em 2023 fizemos uma matéria sobre o tempo de bola rolando no Campeonato Paulista de então: https://3vv.com.br/novo/tempo-de-bola-no-paulistao-23-como-melhorar-o-controle/. E assistindo a inúmeros jogos no transcorrer deste campeonato, tanto presencialmente como pela TV, vemos que a inoperância dos árbitros em coibir o retardamento de jogo continua o mesmo.

Vemos goleiros que, quando o resultado o está favorecendo, faz uma defesa simples iguais a milhares que executa em seu treinamento diário, se jogar ao chão e usando de sua prerrogativa, interrompe o jogo e chama equipe médica, enquanto todos os outros participantes do espetáculo, exceto seus companheiros de time, colocam o nariz vermelho. Só falta a música de circos, trapezistas e o homem anunciando “respeitável público”.

Além do goleiro também os jogadores de linha simulam contusão e retardam reposição de bola em disputa. Vemos jogadores que vão buscar a bola com morosidade e demoram para repô-la, com a desculpa de estar um companheiro mais bem posicionado.

E o árbitro? Fica como um guarda de trânsito levantando os braços, sem tomar qualquer atitude mais efetiva para coibir estas situações.

Com o objetivo de acelerar o jogo, no Campeonato Paulista deste ano foi inserida uma novidade, com 14 bolas nas laterais do campo e duas atrás de cada gol. Todavia, de nada adianta se os árbitros não utilizarem a ferramenta que a FPF (Federação Paulista de Futebol) proporciona a eles.

Vamos dar um exemplo prático desta situação. No jogo do último domingo (16/2), Palmeiras x São Paulo, o empate classificava a equipe visitante. Então “nada mais justo” que retardar a bola em disputa. O goleiro do SPFC, Rafael, na reposição de tiro de meta, levava em média de 25 a 40 segundos para repor esta bola. Ia lentamente na bola reserva, tirava de um local, colocava em outro 20 cm ao lado, e cada bola que pegava nas mãos levava de 15 a 20 segundos para repô-la em jogo … e o arbitro, passivamente assistia.

Vamos quantificar esta situação em números: o Palmeiras chutou 15 vezes ao gol e acertou duas. Portanto temos um saldo de 13 bolas que foram para tiro de meta. Em um número conservador, se o goleiro levou 30 segundos para cada reposição de bola teremos um tempo de 6 minutos e 30 seg a serem recuperados.

Entretanto o árbitro acresceu apenas dois minutos no primeiro tempo e quatro no segundo.

Através de sites especializados em estatísticas de futebol, fizemos um levantamento do tempo de bola rolando em jogos do Campeonato Paulista. Fizemos a somatória de bola rolando em todos os 10 jogos do Palmeiras para os quais fizemos a análise da arbitragem aqui no 3VV, pegamos os demais clássicos, e somamos ainda os jogos do São Bernardo, que é a equipe sensação do ano.

Em jogos do Palmeiras, a média de tempo perdido em reposição de bola ficou em 52 minutos e nos outros jogos em 51 minutos, com uma média geral de 51 minutos e 30 segundos. Ou seja 56% do tempo total de jogo. Note-se que nestes números estão computados os acréscimos, que nunca são o tempo real perdido.

O público que pagou caro foi lesado em 44%, ou seja, para cada R$ 10,00 pago, usufruiu de R$ 5,60. Com os ingressos a preços proibitivos, como estão sendo praticados, vejam os valores que foram subtraídos de sua diversão e paixão.

Qual a solução? A primeira, que esta comissão que está assumindo a CBF agora deixe ou abandone sumariamente a filosofia de “USAR O BOM SENSO!” aplicado por comissões anteriores e exija dos árbitros no geral a aplicação sumária das regras: punir quem pratica o anti jogo (simulação de contusão, por exemplo) e retardamento ao repor a bola em disputa. E que os árbitros sejam mais efetivos nesta aplicação da regra ao invés de ficarem dando palestras em qualquer falta próximo à área de defesa ou em escanteios, avisando sobre os agarramentos dentro da área. Afinal de contas, me parece que todos os jogadores sabem disto, que se o agarrão for de um jogador da defesa, este cometerá um pênalti; e se for do ataque, este cometerá uma falta.

Todos os esportes têm seu tempo de repor a bola em disputa, exceto o futebol, que entendem que regras de 1860 são perfeitas, necessitando somente de ajustes. Os esportes mais similares ao futebol – Futsal e Futebol 7 – têm em suas regras o limite de tempo para repor a bola em jogo. Se os jogadores não cumprem durante a partida, o lance é revertido para o adversário.

Mas me parece que a IFAB – International Football Association Board acredita que o futebol é praticado por freis capuchinhos, onde todos se respeitam, respeitam as regras vigentes e não fazem malandragem para tirar vantagem da situação que campeia nos campos, principalmente na América do Sul e no Brasil, onde de maneira geral jogadores extrapolam no uso desta prática, se achando mais malandro que o adversário.

Comments (2)

  1. É tão fácil acabar com a cera, muda a regra para 30min em cada tempo com cronômetro parado nas reposições, igual Basquete, futsal, handball, football, rugby e tantos outros esportes coletivos. E não me venham com essa frescura de “mas futebol é magia, não funciona”… me poupe.

  2. muda o texto ali mestre e Oití, a nova velha comissão técnica que vão assumir a arbitragem na CBF já sabe oque vão falar na primeira entrevista “ Usar o bom senso”

Leave a Reply