Abel Ferreira: perseguido ou indisciplinado?

Por Oiti Cipriani; colaborou Vicente Criscio

Abel Fernando Ferreira, português de 43 anos, técnico de futebol, chegou ao Brasil, contratado pelo Palmeiras no final no mês de outubro de 2020. Estreou no comando da equipe dia 5 de novembro de 2020, em Bragança Paulista, contra a equipe de Red Bull Bragantino.

Desde de sua estreia no comando da equipe vem colecionando polêmicas, contra os árbitros, que reverberam na mídia esportiva, mesmo com o sucesso de seu trabalho.

Nestes quase dois anos de comando frente a equipe do Palmeiras, foi campeão em duas taças Libertadores da América, uma Recopa Sul-Americana, uma Copa do Brasil, um Campeonato Paulista e está com o título do campeonato brasileiro muito bem encaminhado.

Suas entrevistas pós jogo, são verdadeiras aulas de carisma, de entendimento de futebol, com explicações detalhadas de como armou a equipe, qual estratégia usada, os motivos de trocas de jogadores, etc.

Detectou que o acervo sobre futebol em nosso país é muito pobre, então, junto com sua equipe de trabalho, escreveu um livro, com o nome sugestivo de “cabeça fria e coração quente”. Mais ainda: fez questão de fazer a impressão e encadernamento do livro em uma gráfica pequena, sob a alegação que quem mais precisa são os pequenos.

E ainda declarou que todo o dinheiro arrecadado com a venda do livro, tanta física, quanto on line, seria totalmente destinado a obras sociais, e o quinhão maior para o instituto Ayrton Senna, de quem foi e é grande fã.

Suas aparições públicas normalmente causam um frisson no público em geral, independentemente de paixão clubista; foi divulgado pela TV Cultura que após o encerramento do programa de entrevista, ele ficou largo espaço de tempo autografando seu livro para funcionários e pessoas que se encontravam no estúdio da TV. A noite de autógrafos no Bienal do Livro não foi diferente, com longas filas e longa espera para receber a assinatura dele no livro.

A relação com a mídia

Mesmo com sua popularidade junto ao público brasileiro, principalmente o publico paulista, já foi ofendido e massacrado pela mídia esportiva, chamado de supremacista, colonizador.

Toda esta situação se reflete no campo de jogo, onde recebe um número grande de cartões amarelos e vermelhos. A mídia influencia a arbitragem? Ou então: onde seu comportamento difere dos técnicos brasileiros?

Para ajusdar a responder nossa questão, colocamos abaixo uma tabela dos principais árbitros de nosso país, com o número de jogos arbitrados contra o Palmeiras e Abel Ferreira no banco (quando não estava suspenso!), desde de sua chegada, até o jogo de 6/10/2022.

(*) Este árbitro, em 2021 em jogo contra o Atlético Mineiro, expulsou o jogador Patrick de Paula com o segundo cartão Amarelo, por ter escorregado e atingido o adversário. No mesmo lance o técnico também foi expulso. Posteriormente, o aárbitro escreveu na súmula que expulsou o treinador por estar falando algo que não ouviu direito e não entendeu o que foi falado.

Culpado ou perseguido?

Em uma análise bem superficial, considerando apenas a tabela acima, podemos afirmar que alguns árbitros são mais severos com Abel Ferreira do que outros.

Os motivos poderiam ser:

• nesses jogos o Palmeiras foi prejudicado e Abel perdeu a linha?
• nesses jogos o treinador foi mais crítico com a arbitragem de forma injusta?
• nesses jogos os árbitros foram mais severos com o treinador?

Ou ainda podemos questionar: árbitros como Anderson Daronco (12 jogos e zero cartão para Abel); Raphael Claus (14 jogos e um cartão para Abel), Luis Flavio de Oliveira (7 jogos, um cartão), foram mais condescendentes com Abel ou Abel foi mais tranquilo com eles? Ou eles deveriam ser a regra enquanto os outros foram a exceção?

Abel Ferreira já disse que Raphael Claus é um dos árbitros onde ele se sente mais tranquilo, quando trabalham juntos. Confiança, traz tranquilidade, que traz maior aceitação das decisões, com menores reclamações.

Abel seguramente precisa refletir sobre seu comportamento na beira do campo para não prejudicar o Palmeiras. Isso é fácil de se cobrar. Parece difícil cobrar aos árbitros que tenham também sua reflexão para não entrarem com pré julgamento contra o treinador.

Portanto nessa briga do rochedo com o mar, e onde claramente Abel e o Palmeiras estão perdendo, o ideal seria um passo atrás de todos. Abel e toda a sua competente comissão técnica não deveriam estar dando murros em ponta de faca e deveriam reconhecer que algo precisa mudar em seu comportamento para não prejudicarem mais a si mesmos e nem ao Palmeiras.

Mas, mas mas…. os árbitros, seu corporativismo, e sua (difícil de provar) capacidade de criar dois pesos e duas medidas em função da cor da camisa de quem está no banco de reservas também precisam ter uma punição quando demonstram mais rigor do que o necessário contra o treinador palmeirense.

E o leitor do 3VV. O que pensa? Abel é perseguido por uma arbitragem que já o rotulou? Ou realmente é indisciplinado e precisa mudar seu comportamento na beira do campo?

Deixe aqui seus comentários. Queremos saber sua opinião.

Saudações Alviverdes!